Título: Pedalando para o Futuro: Lições de Amsterdã para a Mobilidade Sustentável em São Paulo
Amsterdã, conhecida como a capital mundial das bicicletas, é um exemplo vivo de como a mobilidade urbana pode ser transformada pela cultura da bike. Com uma infraestrutura robusta e uma mentalidade coletiva que abraça o ciclismo, a cidade holandesa oferece inspiração para São Paulo, uma metrópole que luta contra engarrafamentos, poluição e desafios de mobilidade. O artigo do Terra, publicado em maio de 2025, traz relatos de brasileiros que vivem em Amsterdã e destaca como a cidade holandesa pode ensinar São Paulo a pedalar rumo a um futuro mais sustentável.
1. Um novo ritmo de vida com as bicicletas
O publicitário brasileiro Thalles Reis Sarandy, de 36 anos, trocou o caos do trânsito paulistano pela tranquilidade de Amsterdã há dois anos. Em São Paulo, ele enfrentava engarrafamentos e a pressão de horários apertados. Na capital holandesa, Thalles descobriu um ritmo diferente: “Aqui, a cidade se move em outro compasso”, conta ele no artigo. As bicicletas dominam as ruas, com mais de 800 mil bikes circulando diariamente, superando o número de habitantes. Essa realidade contrasta com São Paulo, onde, segundo a CET, apenas 130 mil das 23,4 milhões de viagens diárias são feitas de bicicleta.
Lição para São Paulo: Incentivar a bicicleta como meio de transporte principal, não apenas para lazer, pode aliviar o trânsito e melhorar a qualidade de vida. Programas de compartilhamento de bikes e incentivos fiscais para ciclistas poderiam ser um primeiro passo.
2. Infraestrutura que prioriza o ciclista
Amsterdã não se tornou referência em mobilidade por acaso. Na década de 1970, a cidade enfrentou um aumento no uso de carros, resultando em mais acidentes e poluição. A campanha “Pare de Assassinar Crianças”, em 1971, marcou um ponto de virada, com protestos populares exigindo ruas mais seguras. O governo respondeu com investimentos maciços em ciclovias, sinalização e estacionamentos para bikes. Hoje, a cidade conta com mais de 500 km de ciclovias integradas, permitindo deslocamentos rápidos e seguros.
Em São Paulo, embora a rede cicloviária tenha crescido, com cerca de 700 km de ciclovias em 2023, muitas são desconexas ou mal conservadas, desencorajando o uso. Thalles destaca o conceito de “cidade-parque” em Amsterdã, onde árvores, ciclovias e respeito mútuo criam um ambiente amigável para pedalar.
Lição para São Paulo: Expandir e conectar a malha cicloviária, com manutenção regular e sinalização clara, é essencial. Investir em estacionamentos seguros para bikes e integração com metrô e ônibus pode tornar o ciclismo uma opção viável para mais paulistanos.
3. Cultura e adaptação ao clima
A brasileira Luíza Pádua, que vive em Amsterdã e não tem carteira de motorista, ilustra como a bicicleta se integra ao cotidiano holandês. Mesmo em dias de chuva, os ciclistas continuam pedalando, usando capas de chuva em vez de guarda-chuvas, que são impráticos por causa do vento. “Você controla o tempo minuto a minuto. Tem aplicativo para saber se sai agora ou daqui a 10 minutos, aceitando que pode chegar molhado”, explica Thalles. Essa aceitação cultural é parte do que torna o ciclismo tão natural em Amsterdã.
Em São Paulo, o clima tropical e as chuvas frequentes são desafios, mas soluções como bicicletas elétricas e abrigos nas ciclovias poderiam facilitar a adaptação. Além disso, a cultura automobilística ainda predomina, com muitos vendo a bicicleta como um meio secundário.
Lição para São Paulo: Campanhas educativas e eventos como o “Dia Mundial Sem Carro” (comemorado em São Paulo desde 2005) podem mudar a percepção cultural, mostrando que pedalar é prático e sustentável, mesmo em condições adversas.
4. Sustentabilidade e impacto ambiental
As bicicletas em Amsterdã não apenas reduzem o trânsito, mas também a pegada de carbono. Segundo estudos, pedalar diariamente pode reduzir em até 84% as emissões de carbono em comparação com o uso de carros. Em São Paulo, onde o transporte é responsável por grande parte da poluição, adotar a bicicleta como alternativa poderia melhorar a qualidade do ar e combater o aquecimento global. O artigo destaca que, enquanto São Paulo é “engolida pelo trânsito e poluição”, Amsterdã oferece um modelo de cidade mais silenciosa, com sinetas de bikes substituindo buzinas.
Lição para São Paulo: Políticas públicas que promovam a substituição de carros por bicicletas em trajetos curtos (até 5 km, onde a bike é mais ágil) podem ter impacto significativo. Incentivos como créditos de carbono para ciclistas ou subsídios para e-bikes seriam inovações bem-vindas.
5. Desafios para São Paulo
Apesar das lições, São Paulo enfrenta barreiras únicas. A topografia com ladeiras, a insegurança nas ruas e a falta de uma cultura ciclística consolidada são obstáculos. Thalles sugere que bicicletas elétricas, embora ainda caras, poderiam ser uma solução, mas o custo precisa ser acessível. Além disso, a infraestrutura paulistana precisa evoluir para oferecer segurança e conforto, especialmente nas periferias, onde a mobilidade é mais precária.
Lição para São Paulo: Adaptar o modelo de Amsterdã ao contexto local exige criatividade. Soluções como ciclovias protegidas, iluminação adequada e patrulhamento podem aumentar a confiança dos ciclistas. Parcerias com empresas para oferecer bikes elétricas a preços acessíveis também seriam um diferencial.
Conclusão
Amsterdã mostra que a bicicleta é mais do que um meio de transporte: é um símbolo de sustentabilidade, saúde e convivência urbana. Para São Paulo, o caminho envolve investir em infraestrutura, educação e políticas públicas que tornem a bike uma escolha natural. Como destaca o artigo do Terra, a capital holandesa não é perfeita, mas sua abordagem centrada no respeito ao ciclista e no meio ambiente é uma inspiração. Com vontade política e engajamento coletivo, São Paulo pode pedalar em direção a uma cidade mais humana e sustentável.
Fonte: Artigo do Terra, “O que a cultura da bike em Amsterdã tem para ensinar para São Paulo sobre mobilidade e sustentabilidade”, publicado em 16 de maio de 2025.
Nenhum comentário:
Postar um comentário