O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) decidiu, na quinta-feira (29), vetar a proposta de alterar o nome da estação de metrô Vila Mariana, da linha 1 (azul), localizada na zona sul da capital paulista, para fazer homenagem a um pastor evangélico, Enéas Tognini.
As razões para o veto serão publicadas no "Diário Oficial do Estado" nesta sexta-feira. O governador ressaltou que a proposta parlamentar contraria a Constituição Estadual e que "a definição da nomenclatura de estações e de pátios de manutenção do metrô seguem conceitos e critérios que consideram referências urbanas preexistentes e a opinião pública".
O texto com o veto ressalta ainda que "a eventual alteração acarretaria em confusão aos usuários e custos ao Metrô, uma vez que seria necessária a substituição de toda a comunicação visual do sistema e da respectiva estação".
O deputado estadual André Soares (DEM), que propôs a alteração (encaminhada à Assembleia Legislativa em 9 de dezembro), é filho do pastor neopentecostal Romildo Ribeiro Soares, conhecido na TV como missionário R.R. Soares, onde apresenta um programa.
O deputado justificou a tentativa de rebatizar a estação com o argumento de que Enéas Tognini, morto no ano passado, foi "um dos grandes líderes do avivamento espiritual, nos anos 1960, que originou a Convenção Batista Nacional" e que o pastor "tem especial relação com a região objeto da homenagem".
A Igreja Batista do Povo, fundada por Tognini, fica na rua Domingos de Morais, uma das principais vias na Vila Mariana, perto da estação do metrô, que foi inaugurada há 43 anos.
Críticas de passageiros
"A mudança não vai melhorar nada para nós, fora que o nome atual já é um ponto de referência conhecido por muita gente", disse a empregada doméstica Marinês Santos, 49.
Já o microempresário Wilson Alves Junior, 33, afirmou que as prioridades dos deputados deveriam ser outras. "Moro em Francisco Morato [município ao noroeste da capital paulista], e a linha que serve a cidade precisa de muitas melhorias, porque os trens são umas sucatas que quebram sempre. Por que eles não se preocupam com esse tipo de coisa em vez de ficar mudando nome de estação?"
"Sou contra dar nomes de pessoas para lugares públicos assim", disse o técnico em contabilidade Jorge Takashi, 75.
A estagiária em Direito Simone Soares, 52, também criticou: "Mesmo sendo evangélica, eu não apoio, porque a glória vai só para a família do homenageado."
Outros casos
Em 2011, o Metrô foi obrigado a alterar o nome da estação Jardim São Paulo, também na linha 1, para Jardim São Paulo-Ayrton Senna, após a Assembleia Legislativa derrubar o veto do governo a um projeto de lei apresentado em 2009 pelo deputado Campos Machado (PTB).
Na época, a troca de nome gerou críticas, pois além de acarretar custos ao sistema, o nome do piloto já é usado em outros logradouros na cidade -- uma rodovia e um túnel sob o parque Ibirapuera, na zona sul.
Em 2008, o governo do Estado decidiu alterar o nome da estação Imigrantes, na linha 2 (verde), para Santos-Imigrantes, em homenagem ao time de futebol da Baixada Santista. Dois anos antes, a estação Bresser, na linha 3 (vermelha), passara a se chamar Bresser-Mooca, após um projeto apresentado pelo ex-deputado estadual Romeu Tuma (PMDB).
Naquele mesmo ano, a estação no extremo oeste da linha 3, Barra Funda, já havia ganhado um acréscimo ao seu nome para condecorar outro time de futebol, o Palmeiras.
Desde 2013, três estações da CPTM tiveram seus nomes modificados em função de projetos apresentados, defendidos e aprovados por deputados estaduais. A estação Ribeirão Pires, na linha 10-turquesa, se tornou Ribeirão Pires-Antônio Bespalec, em homenagem a um político e arquiteto da região. No mesmo ramal, a estação São Caetano passou a ser designada São Caetano-Prefeito Walter Braido. No ano passado, a estação Mooca virou Juventus-Mooca, para homenagear o time de futebol.
Somente nos últimos dois anos, dez projetos de lei foram apresentados na Assembleia Legislativa com o intuito de modificar nomes de estações de metrô e trem.
As razões para o veto serão publicadas no "Diário Oficial do Estado" nesta sexta-feira. O governador ressaltou que a proposta parlamentar contraria a Constituição Estadual e que "a definição da nomenclatura de estações e de pátios de manutenção do metrô seguem conceitos e critérios que consideram referências urbanas preexistentes e a opinião pública".
O texto com o veto ressalta ainda que "a eventual alteração acarretaria em confusão aos usuários e custos ao Metrô, uma vez que seria necessária a substituição de toda a comunicação visual do sistema e da respectiva estação".
O deputado estadual André Soares (DEM), que propôs a alteração (encaminhada à Assembleia Legislativa em 9 de dezembro), é filho do pastor neopentecostal Romildo Ribeiro Soares, conhecido na TV como missionário R.R. Soares, onde apresenta um programa.
O deputado justificou a tentativa de rebatizar a estação com o argumento de que Enéas Tognini, morto no ano passado, foi "um dos grandes líderes do avivamento espiritual, nos anos 1960, que originou a Convenção Batista Nacional" e que o pastor "tem especial relação com a região objeto da homenagem".
A Igreja Batista do Povo, fundada por Tognini, fica na rua Domingos de Morais, uma das principais vias na Vila Mariana, perto da estação do metrô, que foi inaugurada há 43 anos.
Críticas de passageiros
"A mudança não vai melhorar nada para nós, fora que o nome atual já é um ponto de referência conhecido por muita gente", disse a empregada doméstica Marinês Santos, 49.
Já o microempresário Wilson Alves Junior, 33, afirmou que as prioridades dos deputados deveriam ser outras. "Moro em Francisco Morato [município ao noroeste da capital paulista], e a linha que serve a cidade precisa de muitas melhorias, porque os trens são umas sucatas que quebram sempre. Por que eles não se preocupam com esse tipo de coisa em vez de ficar mudando nome de estação?"
"Sou contra dar nomes de pessoas para lugares públicos assim", disse o técnico em contabilidade Jorge Takashi, 75.
A estagiária em Direito Simone Soares, 52, também criticou: "Mesmo sendo evangélica, eu não apoio, porque a glória vai só para a família do homenageado."
Outros casos
Em 2011, o Metrô foi obrigado a alterar o nome da estação Jardim São Paulo, também na linha 1, para Jardim São Paulo-Ayrton Senna, após a Assembleia Legislativa derrubar o veto do governo a um projeto de lei apresentado em 2009 pelo deputado Campos Machado (PTB).
Na época, a troca de nome gerou críticas, pois além de acarretar custos ao sistema, o nome do piloto já é usado em outros logradouros na cidade -- uma rodovia e um túnel sob o parque Ibirapuera, na zona sul.
Em 2008, o governo do Estado decidiu alterar o nome da estação Imigrantes, na linha 2 (verde), para Santos-Imigrantes, em homenagem ao time de futebol da Baixada Santista. Dois anos antes, a estação Bresser, na linha 3 (vermelha), passara a se chamar Bresser-Mooca, após um projeto apresentado pelo ex-deputado estadual Romeu Tuma (PMDB).
Naquele mesmo ano, a estação no extremo oeste da linha 3, Barra Funda, já havia ganhado um acréscimo ao seu nome para condecorar outro time de futebol, o Palmeiras.
Desde 2013, três estações da CPTM tiveram seus nomes modificados em função de projetos apresentados, defendidos e aprovados por deputados estaduais. A estação Ribeirão Pires, na linha 10-turquesa, se tornou Ribeirão Pires-Antônio Bespalec, em homenagem a um político e arquiteto da região. No mesmo ramal, a estação São Caetano passou a ser designada São Caetano-Prefeito Walter Braido. No ano passado, a estação Mooca virou Juventus-Mooca, para homenagear o time de futebol.
Somente nos últimos dois anos, dez projetos de lei foram apresentados na Assembleia Legislativa com o intuito de modificar nomes de estações de metrô e trem.