26 de janeiro de 2014

Metroviários prometem greve na terça

O assunto será levado para os funcionários na assembleia geral da categoria nesta segunda-feira (27)

Os funcionários do Metrô (Companhia do Metropolitano) de São Paulo ameaçam entrar em greve, por tempo indeterminado, a partir da meia-noite de terça-feira.

O anúncio foi feito na sexta-feira pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que deve discutir o assunto em uma assembleia geral da categoria prevista para segunda-feira, às 18h30, na sede do sindicato, no Tatuapé, Zona Leste.

De acordo com o presidente do Sindicatos dos Metroviários, Altino de Melo Júnior, o motivo da greve geral é o descumprimento do acordo trabalhista feito em 2013 entre o Metrô e os seus funcionários, representados pelo sindicato.

O acerto ocorreu em uma audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), na qual ficou acertado que a empresa promoveria a equiparação salarial entre profissionais que exercem a mesma função na companhia e possuem até dois anos de serviços prestados.

“Eles iniciaram equiparação salarial na empresa, mas nem todos os profissionais foram beneficiados. Eles alegam que fizeram a equiparação de mil funcionários, mas, na prática, o número seria menor, de uns 200. Mesmo que sejam os mil funcionários, ainda faltam outros mil”, diz Prazeres Júnior.

Além disso, o sindicato quer a concessão de bônus por periculosidade para os agentes de estação, pois entendem que eles auxiliam na segurança do Metrô.

“Dizem que eles não correm riscos, mas temos casos de agentes que foram agredidos”, afirma o presidente do sindicato, lembrando que apenas os seguranças (“funcionários de preto”) recebem o bônus desde o início do ano passado.

Em nota à imprensa, o Metrô lamenta a decisão de marcar a paralisação e destaca que a decisão poderá prejudicar mais de 4 milhões de pessoas. Além disso, pede que a categoria não tome “nenhuma atitude irresponsável”.

Entrevista - Altino de Melo Prazeres_Presidente dos Sindicato dos Metroviários

O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino Melo Prazeres Júnior, diz estar esperançoso com uma nova rodada de negociações com o Metrô e o fim da possibilidade de greve da categoria até terça-feira. Por outro lado, ele afirma que a categoria não abre mão do acordo feito no ano passado e que teria sido descumprido.

DSP_ Qual é a real chance de uma greve da categoria?
Altino Melo dos Prazeres Jr._Olha, eu diria que é razoável, mas tudo depende do Metrô. O meu telefone ficará ligado neste fim de semana e topo negociar. É só eles me ligarem.

Os metroviários já estão em estado de greve?
Os condutores não estão usando uniformes, o que é uma exigência da profissão. Os funcionários da estação também estão vestindo outras roupas que não são as do Metrô. Os únicos uniformizados são os seguranças.

Como está a adesão ao movimento?
É claro que não podemos falar em unanimidade. Alguns foram atendidos e nem todos concordam. Porém, somos unidos e não teremos dificuldade em mobilizar toda a categoria em favor da greve. É um assunto que diz respeito a todos. Quase todos os dias eu ouço reclamação sobre equiparação.

Exercício da democracia nas entidades de classe

Alfredo Bonduki

No contemporâneo capitalismo democrático, as entidades de classe patronal cumprem missão de extrema importância, pois são as legítimas representantes dos distintos ramos de atividade na sua interlocução com todos os elos das respectivas cadeias produtivas. Trata-se de um trabalho relevante na defesa dos interesses setoriais e também da economia brasileira. 

Os deveres e as atribuições relativos à gestão de uma organização patronal assumem especial complexidade no tocante ao setor têxtil, atividade muito sensível às oscilações da economia e aos caprichos da globalização, fortemente competitiva no mundo todo e com múltiplos modelos de negócios entre os associados. No caso do nosso sindicato em São Paulo, as responsabilidades são potencializadas pelo fato de a indústria têxtil paulista, considerando fios, linhas, tecidos, cama, mesa e banho, representar cerca de 30% da produção nacional. 



Ivan Ventura
DIÁRIO DE S. PAULO