18 de dezembro de 2013

Mundo: Morre aos 84 anos Ronald Biggs, do assalto ao trem pagador

Assalto milionário a trem entre Glasgow e Londres ocorreu 50 anos atrás.
Biggs era conhecido como o 'ladrão do século' 20 e morou no Brasil.

O britânico Ronald Biggs, conhecido como o "ladrão do século" por conta ao assalto ao trem pagador entre Glasgow e Londres ocorrido em 1963, morreu nesta quarta-feira (18) aos 84 anos, informou a família.

Biggs, que ficou famoso após sua fuga espetacular para o Brasil depois do roubo, morreu no asilo para idosos de Carlton Court, em East Barnet, no norte de Londres.

Com problemas de saúde, ele não podia andar, tinha dificuldade para falar e recebia atendimento médico.
Os detalhes da causa da morte não foram divulgados.

Biggs foi visto em público pela última vez em março, numa cerimônia no cemitério de Highgate em homenagem a Bruce Reynolds, o mentor do assalto, que morreu em fevereiro, aos 81 anos.
2,5 toneladas de dinheiro

O roubo, feito por uma quadrilha de 17 integrantes, levou cerca de 2,6 milhões de libras esterlinas (o equivalente a US$ 4,2 milhões) à época.

Na madrugada de 7 para 8 de agosto de 1963, dia do aniversário de Biggs, o condutor de um trem postal, que percorria o trajeto entre a cidade escocesa de Glasgow e a estação londrina de Euston, parou em um ponto isolado na altura de Ledburn, ao noroeste de Londres. Um sinal vermelho na via ordenou a parada.

Os assaltantes agrediram o condutor, desengancharam a locomotiva e os dois primeiros vagões para, em seguida, descarregar 120 sacos que continham 2,5 toneladas de dinheiro em espécie.

Tudo aconteceu sem que os funcionários nos outros vagões percebessem o assalto.

Durante o assalto, Biggs feriu gravemente o maquinista, Jack Mills, que acabou morrendo seis anos depois, segundo o jornal britânico "Telegraph".

Biggs foi preso após o roubo e recebeu uma sentença de 30 anos de prisão, mas escapou 14 meses depois da prisão de Wandsworth, pulando o muro com uma corda de pano e fugindo em uma caminhonete.

Rio de Janeiro

Após a fuga, ele passou por vários países, atraindo a atenção da imprensa pelo modo ousado como escapava da justiça britânica e da Interpol.

Ele chegou ao Brasil e ficou mais de 30 anos em liberdade no Rio de Janeiro, onde levou uma vida confortável, com o dinheiro do roubo e o que ele conseguiu aproveitando sua notoriedade. Acabou sendo tema de livros, filmes e reportagens.

Em 1981, Biggs foi sequestrado por um grupo de mercenários que o levou a Barbados, em busca de uma possível recompensa das autoridades britânicas. Seus advogados conseguiram que a Justiça da ilha o devolvesse ao Brasil.

Durante sua passagem pelo Rio, Biggs teve um restaurante e uma página na internet, na qual vendia produtos relacionados a sua figura.

Ele também escreveu sua autobiografia e uma novela, fez anúncios publicitários e até cantou com os Sex Pistols.

Em 2002, ele casou com Raimunda Rothen, que já era mãe de seu filho Michael, que também chegou a ficar famoso como o Mike do grupo infantil Turma do Balão Mágico nos anos 1980.
Já com a saúde frágil, Ronald Biggs finalmente se rendeu à polícia britânica em 2001. Ele voltou ao país, acompanhado pelo filho Mike, e foi rapidamente preso e levado à prisão de segurança máxima de Belmarsh, de onde foi libertado em 2009 por questões de saúde.

Sem arrependimento
Pouco antes do aniversário de 50 anos do assalto, Biggs declarou: "Se querem me perguntar se lamento ter participado no golpe, minha resposta é não".

"Consegui um pequeno lugar na história", disse ele em entrevista, certa vez.
Ele também argumentou que queria voltar ao seu país para tomar um pint de cerveja em um pub e morrer no seu país de origem.

G1