30 de outubro de 2013

Mulheres são a maioria dos usuários do metrô de São Paulo

Passageiro do metrô paulistano é mulher, de classe média e da zona leste, aponta pesquisa

André Cabette Fábio Do UOL, em São Paulo

Do sexo feminino, com nível médio de ensino, de classe média e morador da zona leste. Esse é o perfil atual do usuário do metrô em São Paulo, segundo pesquisas realizadas pela empresa entre 1993 e 2012 com passageiros durante os dias de semana. O resultado foi obtido peloUOL com base na Lei de Acesso à Informação.

Em 1993, ano da primeira pesquisa, a proporção de homens no metrô era de 58% contra 42% de mulheres. Desde então, o número caiu praticamente todos os anos até atingir 42% no ano passado, enquanto as mulheres passaram a dominar as linha representando 58% do total de usuários.

Em 2012, o metrô recebeu um total de cerca de 1,05 bilhão de passageiros.
Para Cecilia Guedes, chefe do departamento de Relacionamento com o Cliente do Metrô, a mudança reflete a transformação da economia da cidade numa economia de serviços, em que as torres de escritórios tomaram o lugar das chaminés das indústrias.

"A área industrial, que é onde tem mais homem, já não está em São Paulo", afirmou Cecília.

Mulheres dizem que percebem ter maior presença em vagões

Apesar de, segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os homens ainda representarem a maior parte da força de trabalho paulistana, as mulheres têm mais penetração no mercado de serviços, que é o mais atendido pelo metrô, afirma Cecília.

Em 2012, 67% dos passageiros do metrô trabalhavam com serviços, um aumento de 13 pontos percentuais desde 1993 --em 2012, 30% dos usuários eram empregados de escritórios. Nesse período, a proporção de trabalhadores do setor industrial que usam o metrô despencou de 13% para 3%.

Classe média cresce no metrô

De seis anos para cá, o usuário do metrô enriqueceu. Em 1997, 56% pertenciam à classe média. Já em 2012, a classe média respondia por 65% dos usuários. Nesse intervalo, a população de classe alta se manteve praticamente a mesma, foi de 33% para 34% do total, enquanto a classe baixa despencou de 11% para 1%.


Antes de 1997, os dados do metrô usavam uma outra metodologia para determinar a qual classe os usuários pertenciam.

Mais rico, o usuário médio também passou a gastar mais tempo em suas viagens, que levam em consideração não só o tempo dentro dos vagões do metrô, mas também em ônibus e trens. A proporção de passageiros do metrô que gastavam até 30 minutos por viagem caiu de 27% para 15% do total, enquanto a dos que gastam de 91 minutos a 120 minutos saltou de 9% para 18% do total.

Para Horácio Augusto Figueira, especialista em transporte público e mestre no tema pela USP (Universidade de São Paulo), o aumento do tempo é explicado pela ampliação da rede, com novas linhas e estações, o que atrai o usuário de áreas mais afastadas.

Escolaridade média no metrô aumenta

Também no quesito escolaridade, as mudanças foram sensíveis. O número dos usuários analfabetos ou que cursaram somente até a 7ª série do ensino fundamental que circulam no metrô paulistano caiu de 23% para 6% do total. Enquanto isso, a quantidade de pessoas na outra ponta, com ensino universitário completo, foi de 17% para 32% do total.

Tanto em 1993 quanto em 2012, dominaram a rede os usuários do grupo com ensino médio completo e que começaram ou não a fazer faculdade. Eles eram 35% do total em 1993 e saltaram para 54% em 2012, o maior aumento entre todos os níveis de instrução.
Em 2012, 86% dos usuários tinham ao menos o ensino médio completo.

Centro é o principal destino

A região da cidade que tem mais moradores entre os passageiros no metrô é a zona leste, com 29% do total, seguida pela zona sul, com 24% de todos os passageiros em 2012.
Apesar disso, as principais regiões de destino são o centro expandido, para onde vão 18% dos usuários, e o centro, para onde vão 17%. Lá moram apenas 6% e 3% de todos os passageiros, respectivamente.

Para Figueira, o principal motivo do deslocamento para o centro é a ida ao trabalho. "Ao contrário de serviços como médicos ou dentistas, que as pessoas podem procurar nos bairros, em São Paulo o emprego fica no centro", afirmou.

"Só em 30 anos, havendo leis de uso do solo que gerem emprego em outras áreas, você consegue mexer nisso. Senão, sempre corremos atrás do rabo, inaugurando linhas que nascem saturadas porque as pessoas moram longe do trabalho", disse.

Fonte: Uol