2 de dezembro de 2012

Pedestres caminham na linha e passam por baixo de composição

Moradores da Vila Sônia e da Vila Japão se arriscam para atravessar a linha em passagens clandestinas

DAT conversou com moradores da Vila Sônia, da Vila Japão e do Tipóia e ouviu pesadas críticas e protestos

Em Itaquaquecetuba, ao contrário do que ocorre em Mogi das Cruzes, Guararema e Suzano, não existem passagens de nível nas linhas onde circulam os trens de carga da empresa MRS Logística. Apesar disso, os moradores não estão livres dos riscos constatados em outras cidades, pelo contrário, estão ainda mais expostos, já que algumas passagens são clandestinas.

A reportagem encontrou acessos para pedestres em condições tão precárias que somente o acaso (ou a proteção divina) estaria evitando a ocorrência de acidentes graves.

O DAT conversou com moradores da Vila Sônia, da Vila Japão e do Tipóia, que ficam na área central da cidade, e ouviu pesadas críticas e protestos de todas as 17 pessoas entrevistadas que foram unânimes em destacar a falta de segurança, os possíveis abusos praticados por funcionários que param as composições em locais considerados inadequados e a omissão da prefeitura que deixa MRS ´fazer o que quer´ na linha que passa pela área central da cidade.

Na Vila Sônia, logo no início da estrada Walter Silva Costa e bem ao lado de uma escola municipal, tem passagem (clandestina) que serve a centenas de moradores que cruzam a via usada pelos trens de carga para chegar ao pátio de Manoel Feio. Além de cruzar a linha, os moradores, especialmente crianças, adquiriram o hábito de caminhar ao lado da linha ou mesmo sobre a trilhos e dormentes.

"Já cansamos de pedir a colocação de uma passarela, mas o pessoal da MRS diz que é a prefeitura quem tem de fazer. A prefeitura não faz e diz que é a MRS, e o problema continua", lamentou uma moradora da Vila Sônia que pediu anonimato.

Um pouco antes da Vila Sônia, a equipe de reportagem flagrou outra situação de enorme risco. Na Vila Japão, os moradores utilizam a rua Santo Anastácio para chegar a estrada de Santa Isabel e vice-versa. Para isso eles cruzam a linha. Não existe cancela.

No dia em que o DAT estava em Itaquá, um trem que circulava em direção ao pátio de Manoel Feio parou bem no local da travessia (aparentemente clandestina) dos pedestres e várias pessoas, algumas com crianças, não tiveram dúvidas de passar embaixo da composição para chegar ao outro lado.

"Nos domingos tem feira no bairro e a situação fica muito pior porque quando trem para aqui, centenas de pessoas passam por baixo, colocando a vida em risco. Já teve caso de gente que caiu embaixo do trem, escorregou nos trilhos e se machucou feio. Qualquer hora pode acontecer uma tragédia, mas ninguém toma providência", disse a autônoma Maria José Teixeira Pinto.

DAT