15 de agosto de 2012

Trem-bala será fatiado para apressar obras


A concorrência será internacional. Com isso, o governo busca tirar proveito da relativa ociosidade de construtoras estrangeiras que têm sido afetadas pela queda do investimento em grandes obras nos países ricos

O governo resolveu "fatiar" a construção do trem de alta velocidade Rio-São Paulo-Campinas em vários lotes diferentes para acelerar suas obras e inaugurar o empreendimento antes de 2020. Segundo Bernardo Figueiredo, presidente da Etav, a estatal criada para entrar no negócio, a ideia é dividir o projeto - que soma 511 quilômetros - em possivelmente dez trechos de cerca de 50 quilômetros. Isso criará frentes de trabalho paralelas e evitará que a obra fique na dependência de um grupo restrito de construtoras.

Na avaliação do governo, a parte mais crítica do projeto são as obras civis. "Se tivermos uma só empreiteira para fazer 500 quilômetros em quatro anos, provavelmente o prazo não será cumprido. Mas se tivermos dez grupos trabalhando ao mesmo tempo, talvez esse não seja um desafio tão grande", diz Figueiredo.

A concorrência será internacional. Com isso, o governo busca tirar proveito da relativa ociosidade de construtoras estrangeiras que têm sido afetadas pela queda do investimento em grandes obras nos países ricos. O início das obras do TAV ocorrerá apenas em 2014. O prazo de entrega será de seis anos, mas Figueiredo acha que existem condições de antecipar a entrada em operação do trem-bala para 2019. Para chegar a essa etapa, ainda há um longo caminho a percorrer depois que a presidente Dilma Rousseff anunciar a retomada do projeto, em reunião amanhã com 30 empresários, no Palácio do Planalto.

Até o fim de agosto, o governo divulgará o novo calendário de audiências públicas, com reuniões em pelo menos seis cidades: Brasília, São Paulo, Rio, Campinas, São José dos Campos e Barra Mansa. A primeira licitação do TAV, que definirá a futura operadora e a tecnologia a ser empregada, sairá no primeiro semestre de 2013. Haverá cláusulas - tempo de operação no país de origem, histórico de acidentes e numero de passageiros transportados - para garantir uma "tecnologia de ponta" no Brasil. Isso poderá dificultar a participação da China, que teve um acidente com 43 mortos em julho de 2011.

O governo contratará o projeto executivo do TAV também dividindo-o em trechos e assumirá os riscos de demanda. "Passar o risco para a concessionária não é necessariamente um bom negócio se o preço disso for muito alto".

Fonte: Valor Econômico