6 de maio de 2012

Passageiros mudam rotina para encarar falhas na linha 9-Esmeralda da CPTM

R7 andou na linha que mais quebrou neste ano; foram nove falhas entre Osasco e Grajaú

Pular ainda mais cedo da cama virou rotina, nos últimos meses, para a auxiliar administrativa Gisleine Botelho Silva. Segundo ela, o trajeto de cerca de duas horas e meia, do Grajaú (na zona sul) até o centro de São Paulo, pode durar até quatro horas quando a linha 9-Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) sofre alguma pane. Só neste ano, foram nove falhas no trajeto até a última sexta-feira (4). Pior do que o atraso no trabalho, conta ela, é ficar esperando que o serviço seja normalizado dentro de um vagão abarrotado de gente.

— Eu pego essa linha há uns quatro meses e já presenciei umas seis falhas, principalmente à noite, quando está todo mundo cansado do trabalho. O trem já ficou parado entre uma estação e outra por cerca de meia hora. Sem contar as vezes que ele fica estacionado nas estações e ninguém sai do vagão com medo de perder o lugar.

Nas últimas quinta (3) e sexta-feira (4), o R7 embarcou por duas vezes na linha da CPTM que apresentou mais problemas neste ano. A reportagem viajou nos horários de pico da manhã e da tarde. A situação constatada não foi surpresa: dificuldade para embarcar e desembarcar, e vagões superlotados. Muito aperto. Para piorar a situação, o mau cheiro do rio Pinheiros, que fica ao lado linha durante boa parte do trajeto, invade os vagões. Muitos passageiros reclamam de ânsia de vômito e dor de cabeça. No verão, o odor de esgoto fica ainda mais forte, conta a publicitária Andreia Faggozi.

— No aperto, o casaco não serve mais para esquentar. Nem precisa. Serve para tapar o nariz. O cheiro é horrível.

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O pedreiro José Carlos Souza de Jesus diz usar a linha há três meses. Ele afirma que para sair de casa e chegar no trabalho tem que levar em conta o tempo que o trem fica parado a mais nas estações e as constantes quedas de energia na linha-9.

— Teve uns problemas faz uns 15 dias e o trem ficou parado uma meia hora. Todo mundo apertado e suando. Não tem energia e nem ar-condicionado.
A viagem pela linha 9-Esmeralda fica um pouco mais tranquila só depois da estação Santo Amaro. Antes disse, é fácil ouvir as pessoas reclamando da experiência de viajar no trem. Desconhecidos puxam papo e fazem críticas espontâneas, como se tivessem comentando sobre o clima dentro de um elevador. “Eu me sinto uma sardinha em lata” falava Disan Teixeira à Maria Cláudia Lins, que acabara de conhecer. “Esse trem está um inferno hoje”, reclamava a copeira Conceição Vilmaria Reis.

"Cabeça fria"

A aposentada Leonice Galeli resolveu pegar um trem da linha 9-Esmeralda para visitar a filha em Interlagos, e disse que se arrependeu quando pisou no vagão. Às 9h30 da última sexta-feira, a situação no trem era semelhante a de horário de pico.

— Ontem [quinta-feira,3], peguei o trem às 7h30 e estava melhor do que agora. Nessas horas, todo mundo tem que ficar com a cabeça fria. Não tem nem como pensar muito com esse aperto. Eu acho que a coisa está assim porque os trens têm demorado mais para passar.

Na sexta, a reportagem fez o trajeto Osasco – Grajaú em 44 minutos, dois minutos a mais do que o previsto pela CPTM. Já no dia anterior, no período da noite, o percurso demorou quase uma hora para ser concluído.

CPTM registra 16 falhas no sistema
Os técnicos de raio-X Claudinei Gonçalves e Luiz Sepulveda contam que sempre embarcaram na estação Presidente Altino. segundo ele, nas últimas duas semanas, a partir das 17h, os trens começaram a apresentar intervalo maior de passagem. O tempo médio estimado pela CPTM é de sete minutos, entre Osasco e Socorro. Mas por volta das 18h30 da quinta, o R7 desembarcou na estação Ceasa e esperou por dez minutos até um outro trem passar. Já o intervalo entre os trens na estação Morumbi era de seis minutos. A média estabelecida pela companhia é de quatro.

Melhor que o trânsito?

Todo o esforço para encarar a linha mais problemática da CPTM tem uma razão, pelo menos aparente. Basta olhar para a marginal Pinheiros e ver os carros parados enquanto o trem circula. Ficar no aperto vale a pena quando se tem a certeza de que vai chegar onde se quer no tempo estipulado, pontua Gisleine. Mas com as constantes panes da linha 9, segundo a aposentada Leonice, o trem está deixando de ter qualquer vantagem.

- Quem olha para isso aqui, acha que é normal. E a gente que está aqui dentro do vagão sabe dos problemas, mas não pode fazer nada. Já quem pode, anda pela cidade de carro.

Por: R7


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