16 de março de 2012

Expansão de linhas de trens e metrô nem sempre significa melhor serviço


A pane desta quarta-feira (14) nos trens e no metrô de São Paulo revelou uma situação comum às grandes cidades do país. Novas linhas e estações nem sempre significam mais conforto.
Passageiros se esbarrando. Outros quase esmagados pela porta. Esta quinta-feira (16) foi mais um dia de superlotação nos trens e no metrô de São Paulo. “Todo mundo espremido. Fica difícil assim”, diz uma passageira.
As quatro panes que prejudicaram cerca de 200 mil pessoas, na quarta-feira, são um sinal de que o sistema sobre trilhos da maior cidade do país opera no limite, diz o professor de transporte público da USP Jaime Waisman: “Não existem soluções mágicas. Nós temos uma herança maldita do passado, onde pouco ou quase nada se fez. Então, agora, para tirar essa defasagem e partir para uma situação mais confortável vai demandar algum tempo”.
A carência de transporte público é tão grande que até agora o investimento não se traduziu em conforto para o passageiro. Uma estação que integra metrô e trem, e é uma das mais novas de São Paulo, é um exemplo. Desde que foi inaugurada, vive lotada.
Situação que se repete nas grandes metrópoles. Nos últimos dez anos, o sistema de trens e metrô de São Paulo ganhou 26,5 quilômetros. Mas construir novas linhas ou estações nem sempre resulta em mais satisfação.
Imagine uma cidade que tem rede restrita, com três linhas de metro, a amarela, a azul e a vermelha. Se uma quarta, a verde, é construída, quem mora ou trabalha ao longo da nova linha deve se tornar usuário também. Mas estes novos passageiros não vão ficar apenas nesta linha. Poderão usá-la para alcançar as outras. Eles mudam os trajetos, o que acaba sobrecarregando alguns trechos e desafogando outros.
Só em 2011, aumentou em 1,4 milhão o número de passageiros que o metrô e os trens de São Paulo transportam por dia. A cidade tem 33 mil habitantes por quilômetro de metrô e trem.
O crescimento da economia, que faz mais pessoas se deslocarem, e o congestionamento nas ruas também contribuem para sobrecarregar o transporte coletivo. Com a construção de novas linhas e a compra de mais trens, o presidente do Metrô de São Paulo, Sérgio Avelleda, prevê um alívio para os passageiros a partir de 2014. E diz que só o transporte sobre trilhos, não resolve o problema das grades cidades: “Nós precisamos investir na integração dos meios de transporte, corredores de ônibus, a integração dos ônibus com metrô e expandir o metrô. Portanto, o segredo é melhorar o planejamento da cidade, melhorar a integração e expandir o sistema”, avalia.

Fonte: G1.