8 de setembro de 2011

Ferroanel deve ficar pronto em 2014 ao custo de R$ 1,2 bi



Projeto de engenharia de trecho de 60 km, a cargo da MRS Logística, foi autorizado

Um problema técnico grave e a predisposição política para negociar a solução podem destravar, finalmente, o início da construção do primeiro trecho do Ferroanel de São Paulo. O projeto de engenharia do trecho de 60 km, a cargo da MRS Logística, já foi autorizado e fica pronto até o fim do ano. A obra, orçada inicialmente em cerca de R$ 1,2 bilhão, deve ser entregue até 2014.
Estação da Luz. Objetivo é retirar trens de carga das linhas da CPTM e dedicá-las apenas para o transporte coletivo  - Clayton de Souza/AE
Clayton de Souza/AE
Estação da Luz. Objetivo é retirar trens de carga das linhas da CPTM e dedicá-las apenas para o transporte coletivo
Parte do traçado vai correr nas franjas da Serra da Cantareira, paralela ao polêmico Rodoanel Norte. Os 60 km de trilhos serão usados exclusivamente para cargas. O Ferroanel chegou a ser incluído na lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo governo Lula em janeiro de 2007. De lá para cá, as divergências, mais políticas do que técnicas, não tiraram a obra do papel.
Agora, os secretários e técnicos dos dois governos - o federal da presidente Dilma Rousseff (PT), e o estadual de Geraldo Alckmin (PSDB) -, chegaram à mesma conclusão em reunião feita anteontem em Brasília. "Os projetos de expansão da malha de passageiros, operada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), inviabilizariam a partir de 2015 o transporte ferroviário de cargas", resumiu ao Estado o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo.
Custos. Segundo Figueiredo, houve entendimento para adotar uma solução imediata para o projeto e também para a construção e exploração do trecho. A divisão de custos iniciais da obra entre os dois governos ainda vai ser definida, mas o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já tem pronto um estudo de modelagem da exploração econômica do Ferroanel. Além dos investimentos estatais, há a possibilidade de se abrir uma nova Parceria Público-Privada (PPP) ou estender a concessão dos novos trilhos para empresas que já operam esse transporte na capital.
"Pelo fato de o primeiro trecho estar na área da MRS, a empresa terá a preferência para também investir e explorar esses 60 km. Se houver algum problema que torne inviável essa solução, então estudaremos outra alternativa", disse Figueiredo.
O objetivo é deixar os trilhos da CPTM só para o transporte coletivo - o Estado planeja diminuir o tempo entre as composições, o que só será possível com a retirada dos trens de carga. Outra previsão de retorno positivo é a redução das despesas com o transporte de mercadorias que precisam passar pela capital, uma vez que hoje é muito lenta a velocidade do transporte sobre trilhos nos trechos urbanos.
Licença ambiental. Para acelerar o processo de licenciamento ambiental, o trecho deverá ficar a menos de 30 metros do traçado previsto para o tramo norte do Rodoanel. "Assim ficaria mais fácil para conseguir as licenças", diz o secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. Ele afirmou que ainda estuda a necessidade de pedir uma extensão da licença ambiental do Rodoanel ou se será necessário entrar com um novo processo. A previsão do governo estadual é de que as obras do trecho rodoviário próximo da Serra da Cantareira comecem ainda em dezembro deste ano.
O traçado previsto para a linha deve sair de Itaquaquecetuba, na zona leste da Grande São Paulo, passar por Guarulhos, beirando a Serra da Cantareira, chegar em Perus, na zona norte paulistana, e seguir até Jundiaí. Esse trajeto facilitaria principalmente o transporte de cargas entre o Vale do Paraíba e as regiões de Sorocaba, Campinas e Ribeirão Preto. O governo estadual avalia que esse trecho é o que tem mais demanda e por isso deverá sair primeiro. Ainda não há data prevista para a construção do trecho sul, que contará com 40 km.
PARA LEMBRAR
Com o Ferroanel retirando os trens de carga dos trilhos compartilhados com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a Prefeitura conseguiria colocar em prática o projeto de aterrar os trilhos entre as Estações Lapa e Luz. Segundo o plano, revelado pelo Estado no fim do ano passado, 12 km de trilhos que hoje cortam o centro de São Paulo seriam subterrâneos. Em novembro, o ministro de Transportes, Paulo Sérgio Passos, prometia o projeto do Ferroanel para 2011. "A adoção do Ferroanel já está em negociação entre o governo federal e do Estado", disse na época. 
Fonte: Estadão