27 de julho de 2011

Entidades se unem para impedir retirada de trilhos

Entidades de Bauru iniciaram uma mobilização para tentar impedir a retirada de cerca de três quilômetros de trilhos inativos localizados às margens da avenida Pedro de Toledo que seriam destinados à prefeitura de Guararema, município a 400 quilômetros de distância. Ontem, o JC divulgou que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) teria autorizado a cessão do material sem sequer consultar a prefeitura de Bauru sobre um eventual interesse em permanecer com o patrimônio. 

Inconformadas, associações vinculadas à defesa do patrimônio histórico e cultural da cidade prometem reivindicar a posse dos trilhos, que poderiam ser utilizados inclusive para o projeto de ampliação do passeio da Maria Fumaça, já previsto pela prefeitura. Presidente da Associação de Preservação Ferroviária e de Ferromodelismo (APFFB), Ricardo Bagnato comenta que a autorização do Dnit causou estranheza, já que a prefeitura reivindica, há quase dois anos, bens pertencentes à extinta Rede Ferroviária Federal.

Apesar de o processo para transferência de posse não ter sido concluído, como estão em Bauru há muitos anos e sob os cuidados da prefeitura, a expectativa é de que ficassem na cidade como seu patrimônio histórico-ferroviário. Por este motivo, Bagnato afirma que a associação, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac) de Bauru, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Associação de Amigos dos Museus e a Secretaria Municipal de Cultura já discutem uma forma de fazer com que os três quilômetros de trilhos permaneçam em Bauru. 

“Vamos, inclusive, acionar o Ministério Público Federal para questionar esta autorização, que foi feita sem o conhecimento de ninguém. Nossa grande luta é que Bauru deixe de ser fornecedora de material ferroviário para outras cidades”, frisa.

Em setembro do ano passado, supostos funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), de São Paulo, tentaram levar dois vagões da Estação da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB). Como não estavam identificados e não apresentaram documento que autorizasse a retirada, foram impedidos pelo Codepac, APFFB e Secretaria de Cultura. “É o que faremos novamente, agora, em relação a estes trilhos”, adianta Bagnato.

Contatado pela reportagem, o secretário municipal de Cultura, Elson Reis, afirmou que está em busca de informações sobre os trâmites que levaram à cessão dos trilhos para Guararema para então tomar possíveis providências. Pelo segundo dia consecutivo, o Jornal da Cidade solicitou informações à prefeitura de Guararema e ao Dnit, mas assim como ocorreu anteontem, os dois não se manifestaram sobre o assunto.



Texto: Tisa Moraes
Fonte: TCNet