A CPTM assumiu e unificou de forma inédita no país todos os sistemas de trens da região metropolitana de São Paulo, que até então eram divididas entre CBTU (controlada pelo governo federal) e Fepasa (administrata pelo governo estadual)
O nascimento da CPTM ocorre em um momento de estresse nos sistemas de circulação de passageiros em São Paulo e seu entorno. Congestionamentos, acidentes e o grande tempo perdido em deslocamento estão na ordem do dia.
A criação da CPTM significa um ponto de inflexão na política de transporte metropolitano. Os planos da Companhia passam a agregar, ainda, as inquietações da população quanto á sustentabilidade e a dinâmica urbana, econômica social. Reduz o tempo de deslocamento do cidadão, oferecer conforto ao usuário, expandir a interligação bem como integrar os sistemas de transporte e racionalizar gastos, entre os quais o consumo de energia.
A implantação de um programa de modernização da frota herdada está entre as primeiras medidas da Companhia. Em 1998, chegou da Espanha 48 trens reformados, de três carros cada um, que começam a operar na Linha 11 - Coral (Luz-Guaianazes) e posteriormente nas linhas 10 - Turquesa (Luz-Rio Grande da Serra) e 9 - Esmeralda (Osasco-Grajaú).
No ano de 2001 entram em operação dez trens, de quatro carros cada um, com ar condicionado e itens de acessibilidade, da Fabricante Alemã Siemens. Hoje essas composições circulam na Linha 9 Esmeralda.
Em 2000 inicia-se a operação do Expresso Leste (Luz-Guaianazes). Para o serviço são adquiridos 15 trens de oito carros cada um, com o mesmo padrão dos trens da Linha 9, capaz de proporcionar mais conforto e rapidez aos usuários das estações com maior concentração de pessoas no embarque.
O ano de 2007 é marcada por outro importante ponto de inflexão na política pública do setor. A Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos desenvolve e lança o Plano de Expansão do Transporte Metropolitano, com novas propostas de modernização e renovação das linhas. Trata-se de um conjunto de intervenções para tornar mais atrativo o transporte sobre trilhos e concretizar o desejo da metrópole de se tornar mais fluida e saudável e menos dependente do transporte individual.
Investimentos são feitos ainda em vias e redes aéreas e de alimentação elétrica, com a construção de cinco subestações e reforma das restantes. Essas melhorias aperfeiçoam o serviço prestado ao usuário e possibilitam um incremento na potência instalada, assegurando energia suficiente para o sistema suporte o acréscimo da frota em circulação e a conseguente do intervalo entre os trens. No caso das vias permanentes, são realizadas obras que propiciam alta performance aos trens.
A vedação das faixas de domínio nas linhas é adotada para reforçar a segurança operacional e possibilitar permeabilidade visual, com a substituição de muros por grades. Essa iniciativa, somada á construção de passarelas, evita a circulação de pedestres na via e melhoria a inserção da ferrovia nas cidades - os antigos muros funcionavam como uma barreira visual, hoje é indesejável.
O conjunto de ações de melhoria leva em conta a acessibilidade e a conectividade física e operacional de todos os serviços de transporte, motorizados ou não, vinculados á rede de trem metropolitano.
A ampliação dos pontos de conexão ente estações da CPTM e do Metrô avança celeremente. Em 2007, eram 37 pontos de convergência, mas apenas quatro integram os dois sistemas: Luz, Brás, Barra Funda, e Santo Amaro. em 2010 são 36 pontos projetados. Em 2014, 95. O sistema de conectividade se destina a uma rede sobre trilhos estimada em 420 Km.
O Século XXI começa, dessa forma, com os mesmos ares vanguardistas do Século XIX, quando a ferrovia chegou ao Brasil. Se há mais de um século os obstáculos eram muralhas naturais de serras e os caminhos intestinos de São Paulo, agora o desafio é a estruturação da mobilidade urbana na maior metrópole latino-americana, a conquista de direitos pelos usuários do sistema, planejamento integrado ao desenvolvimento das cidades e a integração com outros meios de transporte, incluindo os não motorizados. A modernização da rede, hoje , extrapola o sistema e se soma ás propostas de requalificação de áreas urbanas degradadas e á cicatrização do ciclo urbano.
Todos os investimentos voltam-se para a retomada da vocação inicial de ferrovia, de ser um marco de vanguarda e um elemento estrutural para a qualidade de vida na Grande São Paulo. O futuro também impõe sua agenda.Plenajedores já racionam em termos da macrometròpole que exigirá o renascimento de uma malha regional ligando a capital ás grandes cidades do estado, como Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e outras.
A tarefa é grandiosa.
Texto original: Revista Caminho dos trens
Resumo: Ricardo Guimarães A História da CPTM
Os trens de subúrbios na região metropolitana de São Paulo seguiram um longo percurso até a criação da CPTM, concebida para enfrentar os crescentes problemas de mobilidade da população e dar fim á defasagem tecnológica do transporte ferroviário.