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15 de dezembro de 2016

70% dos mortos no trânsito das marginais (SP) estavam em motos

Entre agosto e outubro deste ano, acidentes nas marginais Tietê e Pinheiros provocaram 10 mortos, sendo que destes 7 usavam motos

A maior parte das mortes em acidentes nas marginais Tietê e Pinheiros, em São Paulo, entre agosto e outubro deste ano envolveu motocicletas e ocorreu nas pistas locais das duas vias.

Dados do site Infosiga, do governo do Estado, mostram que de 10 mortos, 7 estavam em motos. E de um total de 9 acidentes, 8 aconteceram nas pistas locais.

É justamente nessas pistas que o prefeito eleito João Doria (PSDB) pretende manter uma faixa na velocidade de 50 km/h. Na campanha e logo após a eleição, o tucano prometeu aumentar os limites de velocidade em todas as pistas das marginais. Após críticas, a nova gestão estuda manter a faixa da direita da pista local em 50 km/h e as outras em 60 km/h.

Para o especialista em segurança de trânsito Horácio Figueira, a ideia do prefeito eleito vai aumentar o risco para as motos. "As marginais contam com mais de 200 ruas de acesso. Quem estiver na faixa mais rápida vai precisar mudar quando for acessar uma dessas ruas. E isso aumenta os riscos de um veículo atingir outro", diz.

Fiscalização

Os dados do Infosiga mostram ainda que parte do período em que foram registradas as dez mortes coincide que o fim da fiscalização de motos nas marginais por radares-pistola. No início de setembro, a Prefeitura de São Paulo, da gestão Fernando Haddad (PT), deslocou os guardas-civis que operavam os radares para fazer segurança em parques da cidade.

Para Figueira, a falta de fiscalização é um dos fatores responsáveis pelo alto número de mortes de motociclistas. "É uma derrota da vida quando se reduz a fiscalização", afirma. "Os motociclistas acham normal cometer infrações de trânsito, como andar entre os carros."

No mesmo período, houve o registro de duas mortes em acidentes com carros e uma por atropelamento. Das sete vítimas, cinco tinham idades entre 18 e 25 anos.

Faixa exclusiva
Gilberto de Almeida, presidente do SindimotoSP (sindicato dos motofretistas), afirma que a diferença de tamanho entre os veículos contribui para a gravidade dos acidentes envolvendo motos. Ele criticou a falta de políticas públicas, fiscalização e campanhas de segurança. "As últimas administrações só pensaram em pedestres e ciclistas", afirmou. "As marginais precisam de faixas para motos."

O motoboy Roberto Pereira, de 48 anos, até respira fundo quando fala da marginal Tietê. Recentemente, a mochila dele ficou presa na alça da caçamba de um caminhão, que por pouco não o arrastou para baixo do veículo. "Tive sorte, pois só sai com uns arranhões", afirmou ele.

"A redução nos limites de velocidade foi boa, porque os carros estão mais atentos, mas para o motociclista não ajuda, a gente atinge os 50 km/h muito rápido", afirma Pereira.

Promessa

Apesar de insistir durante a campanha eleitoral que iria acabar o que chamava de "indústria da multa", o prefeito eleito João Doria (PSDB) afirmou na quinta (9), por meio de sua assessoria, que planeja aumentar a fiscalização para reduzir as mortes de motociclistas. O futuro governo deve confirmar até o próximo dia 20 como serão os limites de velocidade nas marginais.

A gestão Fernando Haddad (PT) não respondeu questionamentos da reportagem sobre ações de segurança nas duas vias expressas.


Fonte: Folha de S. Paulo  |  Autor: Fábio Pescarini / Agora