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6 de junho de 2014

PM usa bombas e reprime piquete de grevistas na estação de metrô

Metroviários dizem que PM entrou na estação para reprimir o protesto e usou balas de borracha
A Polícia Militar expulsou funcionários do metrô, que estão em greve, da estação Ana Rosa, na região do Paraíso, na zona sul de São Paulo. 

Os metroviários dizem que a PM entrou na estação para reprimir o protesto da categoria e usou balas de borracha para dispersar os trabalhadores. "Chegamos às 3h30 para fazer um piquete e acabamos surpreendidos com a entrada da Tropa de Choque, que nos atacou em ambiente fechado. To fazendo 30 anos de Metrô esse ano e olha o que eu ganho [apontando para um ferimento na perna]", disse o metroviário José Carlos dos Santos, 54.

Segundo o capitão Snay Nanni, a PM só agiu para garantir que a população tenha acesso ao metrô. "O interesse público deveria prevalecer aos interesses da categoria", disse o Nanni que confirmou o uso de balas de borracha e bombas durante a ação que dispersou grevistas da estação. Um funcionário do Metrô chegou a ser preso pela Polícia Militar, dizem os sindicalistas. Segundo a PM, a prisão teria acontecido por desacato. Ele foi encaminhado para o 16º DP (Vila Clementino). Com a presença de policiais militares da Tropa de Choque, os metroviários também pediram catraca livre na estação Ana Rosa. O coro foi puxado por um grupo de cerca de 30 trabalhadores.

Pelo segundo dia consecutivo, o sistema público de metrô funciona parcialmente na cidade. Somente as linhas 5-lilás e 4-amarela -operada por uma concessionária- funcionam sem restrições nesta manhã. A linha 2-verde passou a funcionar parcialmente às 7h. O fluxo de trens segue entre as estações Paraíso e Clínicas. Às 7h10, a linha 1-azul passou a operar entre as estações Paraíso e Luz. Na linha 3-vermelha, por volta das 7h15, os trens começaram circular entre Bresser-Mooca e Santa Cecília. Há piquete de metroviários em ao menos outras duas estações: Bresser-Mooca, na zona leste, e Jabaquara, na zona sul da capital. O rodízio municipal de veículos está suspenso, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

PASSAGEIROS

Passageiros da estação Jabaquara, na zona sul, enfrentam dificuldades por conta da greve. O cadeirante David Posada mora no Jabaquara e pegou um ônibus às 5h30 para chegar à estação do metrô. A alternativa é pegar mais um ônibus no terminal, que amanheceu cheio. Ele não se sabe se chegará a tempo da fisioterapia que tem marcada na AACD em Santa Cruz. "Está parecendo um formigueiro e dependendo do ônibus, às vezes vem com o elevador quebrado", lamenta. "Este é o Brasil a sete dias da Copa." Na estação Corinthians-Itaquera, na zona leste, houve um princípio de confusão. Passageiros puxaram o coro: "Em em em, não queremos ir de trem".

Os metroviários de São Paulo decidiram, em assembleia realizada na noite desta quinta (5), manter a paralisação nesta sexta-feira. A categoria participou de uma nova audiência com o Metrô durante a tarde, mas não chegou a um acordo. Na reunião, os metroviários sugeriram reajuste de 12,2% -antes era 16,5%-, mas os representantes do Metrô afirmaram que não existe possibilidade financeira de conceder reajuste maior que 8,7%. O presidente do Metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, lembrou que o aumento nos benefícios resultarão em aumentos de 10,6% a 13,3%.

Também na audiência, os metroviários votaram se trabalhariam nesta sexta-feira contanto que fossem liberadas as catracas. Nessa hipótese, a categoria aceitava ter os salários descontados pelo dia. A medida, porém, só seria tomada caso o Metrô aceite a possibilidade. Ao longo da tarde, responsáveis pelo Metrô rejeitaram a ideia e disseram que também não haveria chance de ser aceita no futuro. Ao todo, 24 das 61 estações administradas pelo governo estadual permaneceram fechadas durante a quinta-feira.

TV Globo/Reprodução