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13 de janeiro de 2014

Bilhetes de papel do metrô de São Paulo viram papel higiênico após uso

A cada mês, a Companhia do Metrô envia cerca de cinco toneladas de tíquetes usados para a reciclagem.

Apesar de existirem os cartões de plástico reutilizáveis do Bilhete Único, os 4,5 milhões de passageiros diários da malha metroviária de São Paulo servem-se amplamente dos bilhetes de papel. A cada mês, a Companhia do Metrô envia cerca de cinco toneladas de tíquetes usados para a reciclagem.

Os bilhetes são fragmentados e doados, com base em contrato, para a Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro, que fica em uma comunidade na Zona Sul de São Paulo (SP). A princípio, a assessoria de imprensa informou à reportagem do UOL que os bilhetes seriam "reciclados para a fabricação de artigos de artesanato como bolsas, cadernos, enfeites e outros".

Entretanto, o UOL entrou em contato com a Cooperativa, e o destino do papel do bilhete de metrô é bem diferente do informado. O papel, que é enviado por doação, é empacotado e vendido para uma empresa que funciona como entreposto, a Comércio de Sucatas e Aparas de Papel Pupo 18. Para se ter uma ideia, segundo o site do Compromisso Empresarial para Reciclagem, as cinco toneladas valem R$ 2.400.

Na Pupo 18, os papéis do bilhete são fragmentados e empacotados com outros tipos de papel, formando fardos de 200 quilos, cada. Eles precisam ser misturados porque, segundo o proprietário Marcelo Moura, a tarja magnética do bilhete (que serve para dar valor ao papel e evitar falsificações) contém elementos metálicos que podem atrapalhar na qualidade do papel que será fabricado através do processo de reciclagem. Por isso, os bilhetes são distribuídos aos poucos pelos fardos.

Depois de abastecer seus caminhões com os fardos, a Pupo 18 envia o material para indústrias de reciclagem na região metropolitana de São Paulo e no interior do Estado. Ali, os papéis passam pelo processo comum de reciclagem: o conteúdo é triturado em um tipo de liquidificador gigante, misturado com água e outros produtos, entra em uma esteira, passa por secagem e transforma-se em papel novo. A maior parte destas indústrias, segundo Moura, trabalha na produção de papel higiênico.

Depois de questionada sobre o processo de reciclagem, a assessoria de imprensa admitiu que houve um engano na comunicação e o que realmente ocorre é o processo que a reportagem do UOL apurou.

Helton José Alves, professor de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em reciclagem, questiona se esse método é o mais vantajoso nos sentidos econômico, ambiental e social.

"Cinco toneladas por mês não é nada para uma indústria de reciclagem de papel. Mas, para um artesão, é uma quantidade enorme. Se o processo de reciclagem fosse artesanal, ele agregaria mais valor ao produto final", diz.

Além disso, a tarja magnética contida no bilhete do metrô é um fator que torna o processo industrial de reciclagem desvantajoso. "Por menor que seja a quantidade dos elementos metálicos do material magnético, ela pode inviabilizar o processo de reciclagem. Talvez diluindo o volume durante o processo, que é o que acontece, não haja tanta influência direta. Mesmo assim, se pessoas fabricassem produtos de artesanato a partir do bilhete usado, além de agregar valor maior, haveria um incentivo social maior", completa Alves.

No Rio e em Nova York

Com 690 mil passageiros por dia, o metrô do Rio de Janeiro (RJ) só utiliza o bilhete de papel em uma de suas integrações que liga a Estação Metroviária de Del Castilho com a Barra da Tijuca.

Assim como em São Paulo, esses tíquetes são recolhidos e vendidos para uma empresa de reciclagem. A assessoria de imprensa da companhia MetrôRio não informou a quantidade de bilhetes descartados, mas todas as outras estações só aceitam cartões reutilizáveis, de plástico.

Já o metrô de Nova York anda muito mais atrasadinho em questões ambientais e admite que não é possível reciclar os MetroCards - os bilhetes são feitos de um tipo de plástico não reciclável e contêm uma fita magnética.

De qualquer forma, a companhia implementou um sistema de coleta dos cartões usados: instalou lixeiras ao lado dos leitores de cartões com "sinais para atrair a atenção dos passageiros". Entretanto, os bilhetes vão parar no lixo comum, e a assessoria não demonstrou preocupação em criar MetroCards mais ecológicos.

Fonte: UOL