11 de junho de 2013

Delegados, sem-teto e servidores da saúde engrossam protesto contra tarifa a R$ 3,20

Manifestação está marcada para esta tarde na Paulista: 'Vai ser o maior de todos, vamos parar São Paulo', diz Rafael Justino, do Movimento Passe Livre

No terceiro protesto contra a passagem de ônibus a R$ 3,20, funcionários da Secretaria Estadual da Saúde em greve, sem-teto da Frente de Luta por Moradia, delegados de polícia em campanha salarial e professores vão engrossar o ato marcado para as 17 horas desta terça-feira, 11, na Avenida Paulista, pelo Movimento Passe Livre.

Com previsão de receber pelo menos 3 mil pessoas, o ato desta terça deve causar mais uma vez caos no trânsito paulistano perto no horário do rush. A partir das 14 horas, haverá concentração de funcionários estaduais da Saúde em greve e lideranças da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais) na frente do Masp. Mais tarde, às 15 horas, delegados em campanha salarial se reúnem no mesmo local.

Além de professores, enfermeiros, médicos e delegados, cerca de 80 integrantes da Juventude do PT vão estar no Masp, na concentração para o protesto do Movimento Passe Livre. A PM destacou 900 policiais para fazer a segurança ao longo da Avenida Paulista, entre 14 horas e 20 horas.

Na manhã desta terça-feira, líderes do Passe Livre estiveram em escolas estaduais convocando estudantes a participarem do ato à tarde. "Vai ser o maior de todos, vamos parar São Paulo", disse Rafael Justino, de 19 anos, que por volta das 11 horas integrava um grupo que panfletava sobre a passeata em frente à Escola Estadual Caetano de Campos, na Aclimação, região central.

O prefeito Fernando Haddad (PT) vai acompanhar de Paris a nova manifestação. Haddad pedirá ajuda de Dilma para baixar o valor da passagem.

CET. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que "não foi comunicada oficialmente" sobre o protesto marcado pelo Movimento Passe Livre. Segundo o órgão, "apesar de a realização de manifestações públicas serem garantidas pela Constituição", a CET "sempre recomenda que esse tipo de atividade ocorra em locais que tragam menos impacto ao trânsito da cidade". Em nota, a companhia informou que, quando é informada sobre um protesto, monta uma programação e "pode negociar com os organizadores detalhes como o dia e o local mais adequados".

Se a manifestação ocorrer na Avenida Paulista, "será colocado em prática um plano operacional para situações deste tipo", ou seja, "um monitoramento na região que por ventura venha a ser afetada pela manifestação". Bloqueios de trânsito poderão ser montados nas imediações.

Protestos anteriores. Na semana passada, houve duas manifestações contra o aumento, de R$ 3 para R$ 3,20, da tarifa de ônibus e do metrô e da CPTM. O novo valor está em vigor desde o dia 2 de junho.

A manifestação realizada na quinta-feira, 6, levou caos à região central de São Paulo em pleno horário de pico. Protegidos por barricadas de fogo, cones e lixo, manifestantes fecharam as Avenidas Paulista, 23 de Maio e 9 de Julho, depredaram as Estações Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro do Metrô, além de um acesso da Vergueiro, e destruíram lixeiras e pontos de ônibus que foram encontrando pelo caminho. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimejante e tiros de balas de borracha. O governador Geraldo Alckmin classificou os atos na Paulista de absurdos.

O Metrô calculou em R$ 73 mil os prejuízos com o protesto do dia 6 e vai acionar judicialmente os responsáveis pelos danos ao patrimônio. A intenção, diz o Metrô, é que "os contribuintes e demais usuários não tenham de arcar com o custo desse lamentável episódio".


No dia seguinte, sexta-feira, 7, nova manifestação reuniu 5 mil pessoas. A Marginal do Pinheiros foi bloqueada e uma estação do Metrô, fechada. Mais uma vez, a polícia usou bombas de efeito moral.

Outras cidades. Pelo menos 34 pessoas – 9 adolescentes – foram detidas após um protesto contra o reajuste na passagem de ônibus no Rio, na noite de segunda-feira, 10. Foi a segunda manifestação contra a tarifa, que passou de R$ 2,75 para R$ 2,95 no dia 1.º. Foram usadas bombas de efeito moral e balas de borracha. Os manifestantes atiraram pedras contra os policiais.


Estadão